Recentemente foram divulgados casos de pedofilia ocorridos na cidade de  São Luís. Um deles é de um advogado, que abusou sexualmente de um  adolescente de 13 anos e outro de um fonoaudiólogo, que foi pego em  flagrante mantendo relações sexuais com uma adolescente de 11 anos,  dizendo ser seu suposto namorado. Os dois acusados encontram-se reclusos  no Centro de Triagem de Pedrinhas à disposição da Justiça. Casos como  esses revelam a triste realidade vivida no estado do Maranhão do grande  número de ocorrências envolvendo violência sexual a crianças e  adolescentes.
Dados fornecidos pelo Centro de Perícias Técnicas  para a Criança e o Adolescente (CPTCA), mostram que até junho deste ano  foram mais de 170 denúncias recebidas pelo órgão, sendo 60% destas  envolvendo abusos de menores na faixa etária 10 a 14 anos, como o dos  casos relatados. Também, somente em 2010, foram 444 ocorrências que  passaram pela perícia psicológica e social do CPTCA, representado um  aumento de quase 50% em relação aos registros do ano de 2009.
A  delegada Igliana Freitas, da Delegacia de Proteção a Criança e ao  Adolescente (DPCA), diz que o aumento considerável nos casos registrados  pela delegacia se deu por conta do incentivo dado às denúncias por meio  de campanhas de combate à violência sexual de menores. “Essa grande  quantidade de denúncias resulta do trabalho que sempre fazemos de  instigar as pessoas a noticiarem esses casos às autoridades  competentes”, relata a delegada, lembrando que a CPI de Combate à  Pedofilia no Maranhão, comandada pela deputada estadual Eliziane Gama  (PPS), foi fundamental para o crescimento das denúncias.
Ela  ainda afirma que o aumento dessas estatísticas não significa que antes  ocorriam menos casos de pedofilia, mas sim que eles agora estão sendo  revelados. “O aumento das denúncias é bom porque tomamos mais  conhecimento dos casos que antes estavam escondidos. Então esse alto  número de registros não é um aumento da violência, mas a revelação de  casos que ocorrem cotidianamente”, diz Igliana.
Diante deste  grande número de casos envolvendo violência sexual a crianças e  adolescentes, a Delegacia está realizando um levantamento dos casos já  em investigação no órgão, para tomar medidas a fim de acelerar o  andamento destes.
Precocidade sexual perigosa
No  caso do fonoaudiólogo Herbert de Jesus Silva, que violentou a garota de  11 anos, foi alegado que a vítima possuía um relacionamento amoroso com  o mesmo, o que é muito comum nos registros de violência a criança e ao  adolescente do CPTCA. A psicóloga da instituição, Camila Campos disse  que a precocidade na vida sexual dos adolescentes nos dias atuais tem  sido um dos motivos que levam a ocorrência de casos como esse, onde  existe um suposto amor entre as partes.
“O amadurecimento precoce  das crianças e adolescentes ocasionados pela própria sociedade e pela  mídia, tem levado esses menores a se sentirem mais autônomos, querendo  decidir muito cedo, inclusive, sobre sua vida sexual e amorosa. Isso faz  com elas sejam facilmente envolvidas pelos pedófilos, que já têm uma  experiência e fazem os adolescentes se sentirem parte ativa da relação,  ou seja, levando eles a acharem que também estão amando”, analisa a  psicóloga, dizendo que esse falso consentimento por parte da vítima em  aceitar a violência sexual que está sofrendo, nestes casos, são fruto da  inexperiência desta e também porque ela acha aquilo muito normal, não  considerando as consequências desses atos.
Por causa deste forte  envolvimento entre o menor e o agressor, a psicóloga revela que as  vítimas acabam por resistir ao atendimento feito pelos órgãos  responsáveis, brigando com os pais porque não querem incriminar o maior,  dificultando, assim, as investigações. “Fatos desse tipo são mais  difíceis de tratar porque no caso dos suposto relacionamentos amorosos,  há um consentimento da criança ou adolescente e esta se sente bem no que  está fazendo, enquanto nas violências chamadas comuns, o menor sabe que  é errado aquilo que está acontecendo e sofre com tudo aquilo”,  diferencia Camila.
Ela acredita que a única forma de reduzir  casos deste tipo é através da educação. “Falta discussão desse tipo nas  escolas e dentro da própria família, a fim de informar os menores sobre  os perigos de envolvimento com pessoas mais velhas”, diz a psicóloga.
Fonte: http://www.oimparcial.com.br
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