Morador de favela está 'superligado' à internet, diz pesquisa
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| Vinícius de Lima, 19, usa o laptop da irmã na favela da Rocinha, no Rio; usuários priorizam as redes sociais | 
Nove entre dez moradores de favelas cariocas, com menos de 30 anos, 
acessam a internet. A maioria utiliza o computador de sua própria casa. 
Quando conectados, os usuários priorizam redes sociais, como o Facebook. 
As constatações citadas são parte de uma pesquisa com residentes, de 
idades entre 15 e 29 anos, de cinco áreas de baixa renda: Rocinha (na 
zona sul), Cidade de Deus (na zona oeste), Manguinhos e os complexos do 
Alemão e da Penha (na zona norte).
O levantamento, baseado em 2.000 entrevistas, foi produzido entre os dias 17 e 22 de dezembro de 2012 para o projeto Solos Culturais, uma parceria da Secretaria Estadual de Cultura com a ONG Observatório das Favelas.
Segundo os pesquisadores, a adesão à internet desta parcela da população sinaliza que estão ocorrendo mudanças.
"O cidadão invisível na rua aos olhos da sociedade consegue ser 
reconhecido em redes sociais como o Facebook. O excluído está alçando 
virtualmente sua visibilidade. Isso é uma revolução no imaginário da 
cidade", avalia Jorge Luiz Barbosa, professor do Departamento de 
Geografia da UFF (Universidade Federal Fluminense) e diretor do 
Observatório das Favelas.
Ele acredita que a internet pode estabelecer laços até então pouco explorados.
Ele acredita que a internet pode estabelecer laços até então pouco explorados.
"O garoto da favela posta um vídeo com passos de funk no YouTube que 
acaba sendo visto pelo menino do condomínio de luxo. Estes cruzamentos 
culturais permitem a esperança em uma sociedade mais generosa com suas 
diferenças", diz Barbosa.
Além de marcar presença em redes sociais, os internautas entrevistados 
costumam baixar músicas, além de armazenar fotos e vídeos.
O acervo pessoal criado por cada usuário é citado também como algo inédito.
"Antes, uma pessoa de classe baixa não tinha condições de comprar uma 
máquina fotográfica. Hoje, qualquer celular tira foto, o que possibilita
 a construção de uma memória que por muitas gerações não existiu", 
avalia o diretor do Observatório das Favelas.
A pesquisa vai resultar no livro "Solos Culturais", que será lançado até o fim do mês.
Fonte: Folha de SP


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