A Justiça Federal no Ceará condenou na segunda-feira (19) o professor
Jahilton José Motta, 59, a seis anos de reclusão pelo vazamento de
questões do Enem em 2011. O professor pode recorrer da decisão em
liberdade.
Na época, segundo denúncia do Ministério Público Federal, o professor de
física e coordenador pedagógico do Colégio Christus, em Fortaleza (CE),
repassou aos seus alunos 14 questões do Enem em um simulado, cerca de
dez dias antes do exame nacional.
Durante o processo, a defesa de Motta alegou que ele não sabia que as
questões tinham origem ilícita, o que foi contestado pelo juiz federal
Danilo Fontenelle, da 11ª Vara.
"Desprovida, pois, de qualquer fundamento real a versão apresentada pelo
réu de que tais questões do Enem simplesmente surgiram em cima de sua
mesa como por encanto ou sortilégio", afirmou o juiz na sentença.
"Estaríamos, assim, todos vivendo em um mundo onde reinaria a
ingenuidade e irresponsabilidade social", escreveu o magistrado. "Os
elementos dos autos e seus comportamentos em todo o episódio comprovam
que o mesmo sabia da origem ilícita das questões e mesmo assim as
divulgou."
O juiz condenou o professor com base nos artigos 171 e 311 do Código
Penal, por utilizar ou divulgar, indevidamente, conteúdo sigiloso para
beneficiar a si ou a outras pessoas, além de prejudicar a realização do
exame.
Além dos seis anos de reclusão --que, em princípio, devem ser cumpridos
em regime semiaberto--, o professor deve pagar o equivalente a 400
salários mínimos da época (R$ 545).
Para o magistrado, o vazamento das questões teve consequências graves
"porque ocasionou transtornos a diversos alunos em todo o Brasil e à
própria administração pública federal", pois o crime teria comprometido a
credibilidade do Enem.
O professor Jahilton e o advogado dele, Victor Pompeu, não atenderam as ligações da Folha.
A reportagem também entrou em contato com o Colégio Christus, mas foi
informada de que a pessoa que poderia falar sobre o assunto estava em
reunião.
Outras quatro pessoas denunciadas pelo Ministério Público Federal foram absolvidas pela Justiça.
Fonte texto: folha de SP
fonte de Imagem: Google Imagem
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