Probabilidade de sucesso de tratamentos precoces está entre 85% e 95%, diz especialista
Homens acima dos 40, fumantes e que ingerem álcool regularmente são grupo de risco - Shutterstock |
Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca), 576 mil
novos casos da doença devem surgir no Brasil em 2014. Dentre eles, são
esperados 15.290 diagnósticos de câncer na cavidade oral. O local é o
quinto mais comum em homens.
A língua é uma das regiões possíveis
de serem afetadas pela patologia, assim como lábios, gengiva, palato,
amígdalas e faringe. Por ser um local acessível, é possível descobrir
sintomas no músculo a partir do autoexame. Sandro José Martins, chefe do
Centro de Alta Complexidade em Oncologia do Hospital Universitário de
Brasília da UnB, estima que a probabilidade de sucesso do tratamento
precoce do câncer de língua esteja entre 85% e 95%.
O tratamento é
feito por meio de cirurgia e complementado, dependendo da gravidade,
com radioquimioterapia. Segundo Martins, o início da doença não costuma
apresentar sintomas. No decorrer do processo, no entanto, pode haver
estranhamento ao engolir, presença de dor e de manchas esbranquiçadas.
João
Batista Burzlaff, professor da Faculdade de Odontologia da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e especialista em patologia bucal,
alerta que alterações de cor na língua, por meio de manchas brancas ou
avermelhadas são sinais que devem ser observados e comunicados com
urgência ao dentista. Da mesma forma, feridas que não cicatrizam em 14
dias, porque são lesões com maior propensão a se tornarem câncer. O
período é definido para que haja diferenciação do ciclo da afta, com
duração de duas semanas.
Ainda que defenda o autoexame frequente,
Burzlaff destaca que a ação não substitui a consulta com um
profissional. “As pessoas podem fazer um mau autoexame e se acomodarem.
Somente um dentista pode oferecer análise completa e aprofundada”. A
recomendação é de que as pessoas – principalmente o grupo de risco,
homens com mais de 40 anos que fumam e ingerem bebidas alcoólicas
regularmente – visitem seus dentistas a cada seis meses.
Prevenção
De
acordo com Burzlaff, assim como os demais tipos da doença, o câncer de
língua é uma patologia genética modificada por fatores ambientais que
alteram o seu desenvolvimento. Ou seja, a prevenção não dá garantia
contra a doença, mas há como abandonar hábitos que favoreçam seu
aparecimento. É o caso do fumo e do álcool, os dois maiores fatores de
risco relacionados. Quando combinados, o efeito negativo é ainda maior.
Assim
como as drogas, a má higiene bucal também está relacionada ao câncer.
“Na verdade, é um fator de associação. Geralmente a má higiene é
acompanhada por outros problemas, como dentes estragados e presença
anormal de bactérias”, ressalta o professor. A irritação constante
decorrente de próteses mal implantadas e outras situações também
contribuem para a patologia. “Alteram o ciclo de cicatrização. As
células passam a se multiplicar mais, o que favorece o surgimento de
erros nas sequências de DNA e caracterização do câncer”.
Outro
fator ambiental que favorece a neoplasia, segundo o Inca, é a presença
de agentes biológicos como o papiloma vírus humano (HPV). A prevenção,
nesse caso, é feita com o uso de preservativo durante o sexo oral.
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