A exploração de ouro na
área enfrenta hoje um impasse, porque a empresa canadense Colossus, que
alega ter investido mais de R$ 400 milhões na infra-estrutura de
mecanização do garimpo, entrou em processo de falência e diz não ter
mais dinheiro para tocar a obra.
A Colossus é parceira no
projeto da Coomigasp, hoje sob intervenção, que tem 38 mil garimpeiros
entre seus filiados. Para fundamentar o pedido de suspensão da lavra, os
responsáveis pelo documento entregue a Lobão acusam a Colossus de
descumprir várias exigências de um termo de compromisso firmado em 4 de
maio de 2010 entre os canadenses e a antiga diretoria presidida por
Gessé Simão, hoje afastado do cargo por supostas irregularidades.
“A nossa Coomigasp cumpriu com todos os termos desse compromisso, mas a
Colossus, não. Por exemplo, ela deixou de informar o tamanho da reserva
mineral pesquisada, como exige a cláusula segunda do parágrafo segundo
do termo, além de não mais ter encaminhado os relatórios das despesas
com investimentos no projeto da mina e de proibir o acesso da Coomigasp
ao local”, aponta o documento cuja cópia o DIÁRIO teve acesso.
A
preocupação dos garimpeiros é que no final de janeiro passado a
Colossus, que já enfrentava graves problemas financeiros, requereu
concordata junto aos seus credores. “Isto, prezado ministro, nos traz
desconforto e intranquilidade, porque coloca em risco a mina de ouro e a
portaria de lavra” , diz o documento que também faz críticas à atuação
do Ministério Público em Curionópolis por ter afastado a diretoria da
cooperativa e posto no lugar dela “um interventor que não se comunica
conosco e nos deixa nessa confusão”.
EX-PRESIDENTE DIZ TER SIDO "ENGANADO"
Ex-presidente da Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra
Pelada (Coomigasp), Valdemar Pereira Falcão lavrou em um cartório do
município de Presidente Dutra, no Maranhão, declarações contundentes,
afirmando ter sido “enganado” pelo promotor de Curionópolis Hélio Rubens
Pinho Pereira, responsável pelo inquérito que apura suposto desvio de
mais de R$ 20 milhões da entidade, a quem teria feito acusações contra o
ex-presidente da Coomigasp, Gessé Simão de Melo.
Nas folhas 442
e 443 do processo criminal que tramita na comarca de Curionópolis e
apura irregularidades na Coomigasp, há um depoimento em que Falcão diz o
seguinte: “as prestações de contas realizadas pela administração de
Gessé foram aprovadas na marra e em uma situação de aclamação, votadas
por pessoas que não eram afiliadas à Cooperativa e que o sistema de
trazer os garimpeiros dos vários municípios até Curionópolis, como
também o fornecimento de alimentação eram pagos pela Cooperativa com o
intuito de comprar votos”.
Falcão esclarece que, de fato, no dia 12 de julho de 2012 esteve no gabinete do promotor, a convite dele. Na ocasião, segundo o ex-dirigente da Coomigasp, Hélio Rubens fizera várias perguntas sobre a cooperativa e também sobre a administração de Gessé Simão, inclusive sobre prestações de contas da entidade e o sistema de votação para a eleição dos conselhos administrativo e fiscal, entre outros assuntos.
Falcão esclarece que, de fato, no dia 12 de julho de 2012 esteve no gabinete do promotor, a convite dele. Na ocasião, segundo o ex-dirigente da Coomigasp, Hélio Rubens fizera várias perguntas sobre a cooperativa e também sobre a administração de Gessé Simão, inclusive sobre prestações de contas da entidade e o sistema de votação para a eleição dos conselhos administrativo e fiscal, entre outros assuntos.
“Disse a ele que tudo acontecia de acordo com o
estatuto social vigente e a lei 5.764/71. Ele (promotor) me perguntou
se o Gessé gastava algum dinheiro com os garimpeiros e eu disse a ele
que sim, pois todas as despesas com o transporte e alimentação eram
pagas pela cooperativa. Então, ele foi ao computador e começou a
escrever e, tão logo terminou, pediu para eu assinar, dizendo,
inclusive, que era a garantia da minha permanência no cargo, como também
dos demais diretores”, afirma Falcão na escritura lavrada em cartório.
Ele diz que não leu o documento e que o assinou, porque nem levou
advogado na ocasião, confiando no promotor, por quem agora se diz
“usado” e “traído”. Por fim, declarou estar disposto a ratificar perante
o juiz da comarca de Curionópolis as afirmações que fez em cartório.
PROMOTOR REBATE ACUSAÇÕES
Ouvido pelo Diário, o promotor Hélio Rubens Pinho Pereira confirmou que
Falcão prestou a ele as declarações que agora nega. “Ele sabe ler e
escrever e prestou as declarações como representante de 40 mil
garimpeiros. O documento é público, tem fé pública e ele que prove que
não é verdadeiro”, rebateu Pereira. Segundo ele, o documento que Falcão
lavrou em cartório não muda em nada a situação do processo que apura
desvio de recursos da Coomigasp.
O caso que envolve Gessé Simão,
diz o promotor, é baseado em documentos oficiais, como o relatório do
COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) e da quebra do
sigilo bancário, onde se percebe que o dinheiro da cooperativa era
canalizado primeiro para a conta de diretores, e depois pulverizado.
“Havia saques na boca do caixa de até dois milhões de reais”, assinala
Pereira.
O promotor disse que considera temerária suspensão do
alvará de lavra de Serra Pelada no momento delicado que o garimpo está
vivendo, principalmente depois que a empresa Colossus decidiu abandonar o
projeto por problemas financeiros. Para ele, o melhor é encontrar uma
empresa substituta para manter o projeto e explorar o ouro que vai
beneficiar os garimpeiros.
Fonte: (Diário do Pará)
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